As luzes nocturnas amolecem-me, os teus braços mornos, um quente de vela no quarto onde falta a luz. Para sempre? O escuro? Os teus braços? As luzes, lá fora, cá dentro, reflectidas no vidro, a iluminar os gestos dos outros nas janelas vizinhas, atravessadas pelo fumo. Estrelas eléctricas espetadas na rua, penduradas no tecto. Estrelas mascaradas de candeeiros, dedos chamuscados ao tentar mudar a lâmpada que ainda queima depois de fundida. Estrelas e saudades. São assim.
O grande gato preto lambe-me as pestanas para baixo, a minha mãe canta-me a música de dormir com a boca fechada, há muito tempo, as luzes adormeceram-lhe na garganta. Os le
Estou cansada de imaginar, cansada por saber de antemão que nunca farei essa viagem do cansaço bom, da partida lacrimosa dividida entre os desejos confusos, e da chegada, a chegada àquele lugar que eu sinto tão meu sem nunca ter experimentado o seu nevoeiro. Por saber que nunca terei os soluços a saltar-me para fora dos olhos sem perceber como casar a alegria e a tristeza quando uma nova vida, embrulhada num bilhete de avião, me espera do outro lado da janela, das nuvens e da turbulência que não sossega o peito por ter um cinto de seguraça.
Abril está já na próxima página do calendário, com o meu aniversário marcado com uma cruz por cima, aq
Reconhecimento do desconhecido by blueoblivion, literature
Literature
Reconhecimento do desconhecido
Hoje, um homem reconheceu-me no metro. Sei que nunca lhe falei. Sei que nunca o vira. Porém, ele reconheceu-me, nesse lugar onde habitam as semelhanças. E quase me cumprimentou, quase se despediu, num quase-sorriso que eu reconheci.
Se eu já conseguisse tomar-te como lição e não sentir o morno da crença, se eu aprendesse a imunidade, já nenhuma canção me lembraria de ti e a decepção seria apenas mais uma mancha na parede. Desenhava tudo, com os pormenores que só a minha infantilidade percebia. As figuras estáticas moviam a vida toda que um dia durava.
Se eu fosse, ainda, um braço pequeno, esticado para o devir em cima do móvel, ainda nenhuma revelação me faria doer (um beijo e já passa). Cheguei ao topo, do meu armário alto vejo a incapacidade de seguir o pó que se levanta e cai. Lá em baixo.
Infelizmente, ainda vens com alguma canção, e contigo as mentiras suspensas
Gosto de te ver apaixonado. Ficas bonito.
Uma ténue luminosidade emoldura o teu corpo, a tua expressão, os gestos vagarasomente cuidados das tuas mãos. Ficas bonito.
Sorris (lhe) muito, ficas com os olhos quietos, ouves tudo. E deixas-me assistir, ou esqueceste-te de mim, o que desagua sempre no prazer de te observar. E ficas bonito.
Por isso gosto tanto, tanto. De ti.
Marquei este dia, no calendário, com o teu nome e pontos de exclamação. Organizei memórias, agrafei-as. Escolhi e comprei palavras. Embrulhei tudo em papel-crepe, preto (cor preferida, recipiente de todas as cores e ambiguidades), com laço e tudo.
Escrevi-me numa dedicatória.
Dediquei-me especialmente a este dia, por ser o teu, no calendário. Os transportes circularam mais cheios e embaciados, flores metálicas contrariaram o Inverno, não houve gatos na rua. Choveu, e eu não corri.
És o lugar humano que escolhi para morar.
Porque esse núcleo íntimo também nos escolhe e decora as disposições, sou outra de mim assim que abres a porta e ficamos presentes.
Estou doente, deixa-me ficar em casa. Ela vai por mim.
I\'ve dressed myself of night,
So you could not find me,
But, you always do...
Why can\'t i find myself in you?
I\'ve bled your absence,
So the red warmth could appease my heart,
But my arms embrace only the cold...
Why do i feel (in your memory) so old?
I\'ve tasted the mildness of your hands,
My skin is now my antecipated grave.
You fed yourself and went away...
Misery has stolen another day.
Someone is knocking,
Should I open the door?
Maybe it\'s Hope,
Trying to lift me up again.
What for? Dare to tell me?
You\'ll be here, pretending to care,
Pretending to save me from myself,
Pretending like always (no one does it like you do).
I\'ll smile once more, and then i\'ll crash with emptiness.
If only this was a simple metaphor.
If only the mist wasn\'t real (inside everything is real, isn\'t it?).
If only... I\'m so tired.
When will you kill us forever?
My words are so mediocre
When they talk about you.
My presence is so small
When you\'re near.
I\'m so empty of myself
When your hands speak in my hair.
Let me die in your lap one more time.
Can you hear the distance singing?
Can you see the sadness dancing in my eyes?
Can you feel me burning (can you feel me at all?)?
I\'m a mirror someone has broken,
And we are now little lost glasses.
Shhhh... Como se não houvesse nada mais importante do que estar comigo, os pés frios e eu menina outra vez, a fugir para a tua cama, a sentir que sorrias enquanto afastavas os lençóis para eu entrar.
Shhhh... E nem me lembrei dos fantasmas que vivem nas sombras da parede, pequenina a caber toda no teu peito, quentinha sob a tua respiração paciente, e o meu cabelo abstractamente desenhado pelos teus dedos.
Shhhh... Como se fosses dono do silêncio e mo oferecesses num papel bonito, cheio de escuro e de estrelas, as pestanas molhadas e eu embalada de novo, a despir a responsabilidade, a sentir que assumias o papel de adulto enquanto calavas os
Suspensa no hálito da tua dor, atiras-me contra paredes lisas para que pedaços de mim se desfaçam em tudo o que ainda desejas do meu corpo. Não sei por que labirintos te guias, mas as flores perdeste-as todas pelo caminho. Nada mais nos une senão a violência dos ressentimentos e a saliva amarga das ofensas.
Suspensa na imagem rebobinada do nosso passado, esmago-te debaixo de raivas engolidas durante demasiado tempo para que se desfaça este nó no estômago que vai até ao que penso ser a alma. Desconheço o que se desenhará na minha calçada, porém as flores quero apanhá-las todas. Nada mais nos une senão o choro dos amantes que fomos e os ecos d
É hoje, pensei logo de manhã, o corpo ainda quente na cama e o sono ainda parcialmente alojado no cérebro, se não era aí era aí que eu o sentia se é que no cérebro também se sente, não sei, não percebo nada disso, o sol a entrar pelas persianas avariadas. É hoje, decidi logo de manhã, a vontade a demorar-se noutro sítio qualquer provavelmente muito longe para levar tanto tempo a chegar, mas é hoje. É hoje, levantei-me logo de manhã, sem estar plenamente convencida a caminhar sonambulamente para a casa-de-banho, o reflexo da luz artificial numa parte qualquer metálica a ferir-me os olhos deitados ainda, penso eu. É hoje.
Foi mesmo hoje, comec
Doloroso estado de sono este em que acordada no pesadelo de não adormecer me mói o corpo e amolece os músculos, é tão difícil encontrar uma boa posição para dormir. Desesperante zumbido de silêncio, carneiros a saltar pelo quarto todo, a rirem-se de mim a tentar apanhar um sonho, e durmo sempre com duas almofadas, uma para mim e outra para a pessoa que acordar no dia em que eu me tornar alguém melhor, mas é tão difícil encontrar uma posição para dormir.
Deprimente a música do dia a passar no tecto como um filme, os passos que queria dar, mas tropecei nas gotas de chuva e não havia lugar no meu café preferido, vi-me afogada numa poça de lama,
Na solidão, até as pétalas são pesadas, e dói-me não ser a flor que murcha. A minha efemeridade é um braço tão longo e magro, de veias azuis pálidas e tristes.
Não há mãos, não há lábios, não há pele nas flores. Mas, há morte, há campas brancas, verdes, vermelhas, roxas, onde cai, por vezes, a vida em pó pousado nas asas de um insecto que ali veio falecer.
Se, um dia, eu for pétala, deixa-me murchar nos teus dedos.
Alarguei os passos na procura do futuro. O medo. Dá-me espaço gritavas em desespero. Dei-te o mundo. Foi teu. Duvidei das palavras nervosamente proferidas. Acreditei em todas a mentiras. Assim o quis. Cada compasso, vírgulas, contratempos, assinaturas falsas. Não voltarei a trás .O passado nunca existiu. O presente sou eu. Acabei de o criar.
Não me lembro de ter gritado
Ter dado parte da minha presença
Nas tuas mãos
No teu sorriso
A cafeína confunde-me o cérebro
Viajo sentado nesta cadeira
Neste pátio escuro
Na esplanada de elementos vazios
As cores misturam-se
Gradualmente
São histórias que conto
Que se completam num quadro complexo
Os meus olhos são claustrofóbicos
Procuram espaço
Fecham-se por solidão
Abrem-se por liberdade
Não me lembro de ter chorado
Ter dado parte da minha ausência
Nas tuas mãos
No teu abraço
No teu sorriso...
O sabor das tuas lágrimas
É conjunto de textos completos
Adjectivos, metáforas complexas
Poesia, música
Não é simples água
Que brota do teu verde
É testemunho que me dás
É vida que se desprende do teu corpo
É puro sentimento que sentes
Que sinto, que vivo
É arrepio de emoções
Que saboreio na ponta da minha língua
É um doce salgado
Que se aninha nos meus lábios
Não precisas de me dizer o que são, que histórias contam. São sinais da tua presença, da tua ausência. São marcas gravadas para todo o sempre no teu corpo, na minha alma. São pontos que marcam cada retrato teu, cada lágrima da tua vida, cada traço de sangue que escorre em dor pela falta de parte de ti, que esperas agora encontrar...que te espero dar. São sinais, são desenhos, são mistérios, que não precisas de me desvendar, de me segredar ao ouvido o mundo escondido que significam dentro ti. São marcas tuas deixadas em mim, são bocados teus que repousam na minha pele também. É parte de ti que sempre nos pertenceu.
Current Residence: Not the place I belong Favourite genre of music: I go to extremes Operating System: My fu*d brain Shell of choice: The chest of my beloved Skin of choice: yours... Favourite cartoon character: Calvin (and Hobbes) Personal Quote: Maybe not.
Estive a reler alguns dos vossos comentários aos textos que aqui submeti e quero agradecer, mais uma vez. As vossas palavras nem parecem ser para mim. Parabéns a vocês também, porque têm sido grandes leitores, elogiando e criticando oportunamente.
Obrigada :hug:
"o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra , fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade."
José Luís Peixoto
"Criança Em Ruínas"
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